A qualidade dos ingredientes, a dosagem adequada para cada aplicação e o preparo.
Estes segredos conferem à argamassa as condições ideais no canteiro de obras.
Confira aqui a ...

Como na culinária, apesar de a receita ser uma só para determinado bolo, há um item importante – e talvez fundamental – na receita de uma argamassa: a mão (leia-se experiência) de quem mistura. Não basta dizer que a proporção de certa massa é de 1 (parte de cimento) para 3 (areia), simplesmente porque, se isso fosse verdade, qualquer um de nós poderia desempenhar as funções do pedreiro na obra.
A peculiaridade começa quando desaparecem unidades de medida que aprendemos na escola (metro quadrado, metro cúbico, litro etc.) e surgem outras inusitadas, como, por exemplo, a “unidade” lata. O que ocorre é muito simples, e quem dedicar alguns minutos do seu tempo na observação de um pedreiro preparando uma argamassa irá compreender com clareza esse fato insólito. Não há balanças ou um aparelho que meça o volume de areia ou o peso do cimento, em quilos.
O que existe, realmente, é a utilização de uma unidade que a prática do dia-a-dia mostrou ser mais palpável e próxima da realidade do pedreiro. A lata, nesse caso, atua como o número de xícaras numa receita, enquanto a mão do pedreiro é a pitada a mais de farinha que irá determinar o grau de consistência do bolo, dosando maior ou menor quantidade de ingredientes.
Outro fator: embora a farinha da argamassa seja a mesma para todo mundo – cimento e areia, com exceção da massa fina ou reboco, que recebe cal –, os demais ingredientes podem variar na dosagem de acordo com o objetivo pretendido: a quantidade de água determina a consistência; a areia dá o volume e a cal torna a massa mais maleável.
A prática recomenda maiores cuidados em relação a essa consistência, pois se a massa é muito forte (com muito cimento), algum tempo depois poderá trincar. Se há água em excesso, sua resistência será menor.
Há dois tipos de argamassa: a que é preparada à base de cimento e cal e a que é feita à base de gesso. Esta última tem sua durabilidade condicionada ao fato de estar ou não sujeita à ação da água.
As diferentes massas
Assentar tijolos, criar nessa parede uma camada intermediária que proporcione aderência, tornar essa superfície plana e deixá-la pronta para o acabamento. Em cada uma dessas etapas é utilizada uma receita diferente de massa. Conheça cada uma delas:
O chapisco é utilizado imediatamente sobre a alvenaria, com a função de criar aderência para o revestimento. Depois dele vem o emboço, também conhecido por massa grossa, com uma espessura que varia entre 1,5 e 2,5 cm e serve para nivelar ou regularizar a parede. Em seguida vem o reboco ou massa fina, que tanto pode ser preparada na obra quanto adquirida pronta, bastando adicionar água. Essa massa é aplicada numa camada mais fina e torna a superfície totalmente livre de irregularidades. Se a intenção é dar à parede uma textura ainda mais suave, surge a massa corrida, vendida em galões e utilizada para que a pintura se dê em condições ideais.
Mesmo que as proporções – ou traço – sejam apresentadas em forma de receita, vale lembrar que esses números representam uma situação ideal, ou seja, a qualidade final da argamassa depende da qualidade de seus ingredientes.
Atualmente, a cal hidratada é mais utilizada. Já a areia é encontrada em dois grupos: média comum – apresenta impurezas e argila e é utilizada para o assentamento da alvenaria – e a areia granulada, subdividida em limpa média e limpa fina. Ambas se destinam ao preparo de argamassa de revestimento, sendo que a média fina integra a receita da massa fina preparada na obra, atingindo um bom desempenho.
Existem algumas orientações que, seguidas, evitarão futuras dores de cabeça. A alvenaria das paredes, por exemplo, deve estar seca e suas juntas totalmente curadas (o tempo de cura depende da especificação dada pelo fabricante do cimento). Por essa razão, o revestimento não pode ser aplicado imediatamente após a conclusão da alvenaria.
Concluída e seca, a parede precisa também estar limpa, com eventuais irregularidades de massa da junta aparadas, para ser umedecida no momento da aplicação do revestimento. Blocos de concreto, tijolos furados ou prensados recebem um chapisco de areia e cimento. A alvenaria nunca fica totalmente no prumo e perfeitamente alinhada. Ao aplicar a massa grossa, é necessário utilizar uma régua-mestra, obedecendo ao tracejamento das linhas esticadas sobre a superfície, partindo dos seus quatro cantos. Para uso externo, a argamassa pronta e com impermeabilizante é a mais indicada. Se a opção for por massa fina preparada na obra, a proporção de cimento deverá ser maior, além de não se esquecer de adicionar um bom impermeabilizante, com a finalidade de proteger a superfície da chuva.
Dentre todos os ingredientes da argamassa, a água também é elemento importante. Ela deve estar limpa e fresca – água suja provoca o esfarelamento do reboco ou do emboço, enquanto a água do mar não oferece boa liga.

O segredo da mistura
Não basta dosar os ingredientes de forma ideal. O segredo de uma massa homogênea e de boa qualidade passa também pelo local e modo como ela é preparada. A superfície, de concreto ou madeira limpa e seca, ajuda a garantir um bom resultado. Primeiro são misturados os ingredientes secos, peneirando previamente a areia. Após revolver essa mistura até que ela se torne homogênea, forma-se uma pirâmide, afunda-se o centro dela e, nesse buraco, acrescenta-se água aos poucos, revolvendo a massa até que se obtenha o ponto desejado.
Importante: a massa deve ser preparada na quantidade necessária ao uso, pois a adição posterior de água não dará bons resultados. Pronta, a massa mantém suas propriedades por cerca de duas horas.
Acompanhe na tabela a dosagem ideal do traço, de acordo com a finalidade de cada argamassa.
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